SORRISO-MULATA

 

Se o meu sorriso se esbarrar com o teu

numa rua qualquer desta cidade pacata

Não deixes de me ser a estranha menina

com seus mitos distintos, sorriso-mulata

 

Quando nos reencontrarmos em lugar incerto

Intacta me esteja como uma folha em branco

Sem traçados no mapa e o coração deserto

Sem feridas na alma e nem pouco de pranto

 

Toda vez que nos esbarrarmos em rua deserta

que não haja memória com relógio marcado

E esqueça de quem fomos no estranho passado

E me seja sorrindo de inesperada e incerta

 

E, então, se esqueça toda vez de quem fomos

Se o passado é memória convertido em história

Se importam os atos e tão pouco quem somos

E se todo dia eu recomeçar a te querer...

 

(GONDIM, Kélisson. Sorriso-mulata. GONDIM, Kélisson (Org.). 

In: Vozes Perdidas no Tempo. Brodowski: Palavra é arte, 2020, p. 146)

Kélisson Gondim
Enviado por Kélisson Gondim em 18/07/2022
Reeditado em 18/07/2022
Código do texto: T7562314
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