Passarinho
Um passarinho em minha janela pousou,
Com seus olhos miúdos me perguntou se poderia cantar,
E cantou,
E me encantou.
Um dia deixou que lhe tocasse
E senti a suavidade de sua plumagem,
E o toque me extasiou.
Num outro, percebi que seu corpo recendia lavanda,
E minha alma se perfumou.
Às vezes me dizia com bater de asas que voaria para outra janela,
Com vista para o mar e que não mais cantaria para mim.
Mas voltava, sempre voltava,
Ao menos para que eu pudesse, de longe, ouvir ser trinar.
Hoje ele me disse que ficará no seu ninho
E eu senti a seriedade com que batia suas asas
Não posso voar ao seu lado,
Minha vista não lhe pode alcançar,
Mas seu canto ficou em mim
E para sempre ficará.