Lembranças da vida

Dona Tadolina olhava pro morro

Lembrava da época do engenho

Quanto sofrimento naquele povo

Não havia esperança, hoje tenho

Os meninos na rua pisando na lama

Uma mulher pariu mais um rebento

O velho envergado a velha na cama

A carroça, o cachorro o jumento

Lembrou da vila com sua tarde tristonha

O cheirinho de fumaça, as casinhas baixas

Na dispensa as carnes penduradas

No fogão de lenha o café a pamonha

Dona Tadolina com olhos embotados

Viu tudo passar em sua mente

Lembrou do homem malvado

Ele falava que preto não era gente

O homem mau ficou pelo caminho

Lembrou da família grande, dos irmãos

Do pai trabalhador, da mãe puro carinho

Hoje muita coisa mudou

Muita coisa ainda está mudando

Tem até um neto que é Doutor

O preconceito está desestruturando

O tempo passou

Ela agradecida suspirou

Diante da vida

Que nos seus olhos

Foi passando

Carlos Duarte
Enviado por Carlos Duarte em 03/06/2022
Reeditado em 03/06/2022
Código do texto: T7529841
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