Soturno
Flui em mim, renascendo no tempo,
obscuros desejos de meus pensamentos,
nesse meu desamparo, nas minhas ilusões presentes.
Lento amanhecer de meus desejos pungentes.
Das sombras prematuramente soturnas,
vislumbro relampejos do teu corpo, teu perfume.
Imagens refletidas nas penumbras se revelam.
Vazio nessa ausência, prumo, entre silêncios.
Morro nas profundezas desse ácido corrosivo,
involuntário despertar dos meus escombros.
Fragmentos se assentam nesses descompassados.
Começo luminoso, redimido, nessa entrega.
Perdido entre imagens distorcidas, exaspero.
Flutuo incerto, alucinado, entre saudades.
Louco, nessa loucura, padeço a esmo,
esperando tua chegada, entre medos e letargia.
Assim amanhece o dia da minha embriaguez, meu vício.
Nessa calmaria, entre esperanças, me encontro.
Vento cortante nesse outono, me intimida sempre.
Exaltação, perplexidade, nessa manhã de confidências.
Assim permaneço no alpendre dessa casa,
entre tormentas e dúvidas nessa espera, nesses sonhos,
entrelaçando desejos, tantos sonhos, tantos medos,
nessa vida, entre dúvidas e emoções contidas, sempre faminto.