RABISCOS
Num amanhecer luminoso
Sob a luz de um sol ardente
Na janela uma menina quieta
Atenta nos seus pensamentos.
Contempla saudosa as nuvens
Que passavam lentas no céu
Trazendo-lhe velhas lembranças
De um tempo alegre e distante.
Relembra o vestidinho de renda
De uma tonalidade rosa goiaba
Pendurado sozinho no cabide
No domingo na missa usado.
A memória traz-lhe sorrateira
O sapatinho preto envernizado
Enfeitado com um laço de fita
Na velha penteadeira espelhada
Recorda o caderno rabiscado
Feito de papel almaço pautado
Da tabuada, do lápis e borracha
Levados num saco de plástico.
Rememora a mesa comprida
O banco de madeira maciça
Da sua professora querida
E da turminha da escola.
fatima fontenele lopes
Rascunhos da Alma.