Aquela menina

Às vezes minhas saudades me fazem falta

Sinto falta até dos motivos pra sentir saudades

Saudades da chuva mansa e do sol que ardia na pele

Saudades da época em que o relógio não me esperava

Da vida agitada e sem tempo pra estocar saudades

Saudades da falta de alguns minutinhos a mais na cama

Saudades de rir sem motivos e chorar sem medo

Saudades de dormir debruçada na mesa da escola

Saudades da hora do recreio, do alvoroço na ultima aula

Saudades de comer bolo queimando a boca

Do cheiro do vento que trazia chuva

Do medo do escuro, em noites de insônia

Do sabor de manga verde com sal

De brincar de bandeirinhas, pique-esconde, cobra-cega, passar anel

Vontade de voltar no tempo e reviver um abraço

Reviver uma amizade, esconder um segredo sem importância

A algazarra e as broncas pelo atraso nas aulas

Eu sinto saudade até dos meus medos tão infantis

Do cobertozinho "sapeca nigrim" e do travesseiro gasto, feito de paina

Saudades da criança que cresceu e já não sente medo de quase nada

Se eu pudesse, queria ficar cara a cara com aquela menininha serelepe

E certamente diria a ela para plantar muita saudade

Muitos motivos pra sorrir sozinha, lembrando de alguma "arte" escondida no tempo.

Pediria pra estocar muitos risos bobos

Muitas travessuras, estocar vida

Daria ainda um conselho, que corresse o mais longe que pudesse

Para tentar tocar o arco iris e roubar dele a cor verde

Para pintar os dias de esperança

E guardasse em uma caixinha de segredos

Para usar quando o medo a fizesse crescer pra sempre

Marina Liberato-MABE.

Mabe
Enviado por Mabe em 02/05/2022
Código do texto: T7507888
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