Recordações

Quatro muros te separam do vargedo,

da lembrança resplandece desses teus momentos.

Errônea infância vivida, irremediavelmente,

nesse ser adulto, tácito, retorcido, entre paredes.

Memórias não se apagam na tua emoção,

Entrincheirado nas recordações da tua infância,

cúmplice das tuas artes de criança, tão distante,

mágico no teu riso pleno, introspectivo.

Já não há mais o campo aberto, luminoso,

das figueiras, pastos, mangueiras, nem lembranças,

nem essa várzea das suas recordações, disseminadas.

Esse crescer livre da sua vida de outrora, já não existe.

Teu bairro cresceu, tu cresceste, tudo passou.

Virou cidade teu campo da infância, das brincadeiras!

Meras lembranças nos teus olhos embotados,

não te separam dessa irônica perplexidade, nessa vida.

Es adulto, no crepúsculo do teu passado muitos momentos!

Teus olhos veem longe, para trás, insistentemente.

Recordas sempre, mergulhado nas lembranças da tua infância.

Chutas as bolas, as latas velhas, o tempo (outra vez menino?)

Súbito, uma chispa de sol te desperta, num alvorecer de lembranças.

O que passou, passou!

Teu caminhar no passado, passou!

Perdeu-se tantos sonhos, confundindo-se no teu crescer!

Nas estórias do teu pai, na partida dos amigos, perdeu-se o tempo.

Escuta! O que passou, passou!

Só resta esta vida que te consome, distante daqueles vargedos.

JTNery
Enviado por JTNery em 30/04/2022
Código do texto: T7506077
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