Quarto de Casarão
Grandiosas e coloniais janelas.
De um carpintaria milenar.
Através da transparência dos vidros,
O primor das cortinas de renda.
E quando escancaradas,
Revelam os tesouros.
Móveis em jacarandá.
Quadros de pai e mãe.
Na mesinha a Pietá.
Enormes contas de jabuticaba,
Do rosário pendurado na parede.
As camas confortáveis.
Colchões de mola.
Tapetes caleidoscópicos de crochê.
Há de ter flores
Naturais ou de plástico.
Um criado-mudo.
Uma moringa de água.
A vitrolinha do vovô.
Álbum amarelado de família.
Há de ter muito amor.
Ternas histórias de infância.
Cumplicidade.
União.
Fé.
Publicado na antologia "Habita-me - Poesias" - Página 167
Editora: Edições & Publicações (2020)