DESFEITO
Já nasci invertido:
menino-velho com saudade da infância.
O azul das portas da casa de minha mãe
E o sol que entrava pela janela banhando-me de claridade
Riam comigo do calango que rastejava nos muros.
Para que tantas roupas se o saco amniótico nunca deveria ter rompido?
De que servem os mapas se trago a certeza de que nunca poderia ter fugido daquela casa?
A casa vai dormindo no meu colo como avô que afaga a cabeça da sua neta recém-nascida.
Brinco de pega pega com a fatalidade do destino que me conspurca de memória.
A lembrança é o ofertório da minha saudade.