Premonição
Leva contigo o silêncio da tua casa!
Acerca-te do teu medo, do teu ressentimento.
Invada com tua verdade esse meu ser cansado,
mas não demores escondida em ti mesma.
Caminha transfigurada pelo amor, sem precipitação.
Deposita tua cabeça ao meu peito, despreocupada,
nessa explosão de volúpias e desatinos.
Sai desse abismo que é teu próprio silêncio, dessas sombras.
Já tivesse eu nascido em ti, que não me escutas,
hoje não seríamos esquecidos pelo tempo, entre tormentas.
Já não haveria um presente só crepúsculo,
nessa fome consumindo nossos sexos, entre suspiros.
Escuta antes que se transfigure um novo amanhã de incertezas.
Sou homem ilhado, soturnamente, nesses esquecimentos.
Esperançoso nesse universo desigual, operário dos teus caprichos.
Curvado pelo tempo da espera, nessas vagas reminiscência.
Leva contigo o silêncio dos teus caprichos, entre mentiras.
Deixa-me amá-la ao convívio desse equilíbrio precário,
batendo, sobretudo institivamente à porta, tuas lembranças,
... e que da sala não se esvaia o perfume do teu corpo.
Hoje, já não há pressa, só o vazio desses convites indecorosos.
Há as lamentações que se consomem nesse silêncio hostil.
É tardia a partida dos que ficam esperançosos,
onde não há esperanças, nem de novos dias persistentes.
Pouco importa que te foste dando as costas,
se já não sinto dor para dizer-te, sem perjuras, pouco importa!
Para aninhar-te, meu colo se desfez, órfão de afeições
... e o vazio imenso, virou espectro de tristeza.
Olha bem a tua volta, nessas sombras disformes,
as facetas da emoção que tu levaste, na tua partida.
Ficou o cinzeiro com as cinzas dos nossos sentimentos.
Na cama desfeita, deixaste tanto ressentimentos e esse vazio.