Segredo
Todos os dias tenho pensado no passado,
Um passado doloroso que insiste em vir me atormentar.
Relembro meus piores momentos como se fossem flashes insurgentes em minha cabeça,
As dores não somem, pelo contrário, parecem aumentar.
Tem sido cada dia mais difícil guardá-lo dentro de mim, sem compartilhar com ninguém
Sinto como se estivesse sendo sufocada, como se a cada dia morresse uma parte de mim
Que agoniza na lama do sofrimento, sendo envenenada pelo segredo.
Paro, reflito e, finalmente, percebo já estou morta
Morri no dia que a minha pior lembrança foi gerada.
A partir daquele dia não vivi mais, apenas sobrevivi
Ou melhor, existo como um zumbi
Que a morte se alimenta da dor e do sofrimento das lembranças dolorosas.
Não vivo mais, apenas existo
Como um corpo sem alma, apenas uma carcaça que vaga pelo espaço-tempo da vida.
Seguindo em frente até que chegue o dia em que estará abaixo da terra
Sem poder andar pelas ruas e assombrar as pessoas com a tristeza explicita de seu ser.
Sem poder, realmente, nunca mais revelar este segredo a ninguém
Um segredo que irá ser enterrado e assim como essas palavras, será esquecido pelo vazio que é essa breve existência dos nossos seres.