Recordações de Minha Infância
Era o caminho da roça
Que cortava no varjão
Uma ponte de madeira
Que passava a condução
Quando chovia muito
O volume da enchente, a ponte cobria
Eu esperava a água baixar
Pois a passagem não se via
Quando a água baixava
E chegava a calmaria
O córrego ainda turbulento
Mas o perigo não existia
Água turva e volumosa
Um convite pra mim fazia
Era o momento certo
Pra fazer a pescaria
Vara de bambu jardim
Era forte , não quebrava
O samburá feito de cipó
Que nas costas eu carregava
A isca era sempre minhoca
Debaixo da ponte eu arremessava
A vara chegava a envergar
Por muito pouco não quebrava
Mandi chorão era seu nome
Um ferrão venenoso ostentava
Todo cuidado era pouco
Um cutucão, logo sangrava
Mas pescador tem paciência
E um jeito eu sempre dava
Em minhas tralhas um alicate
Com cautela eu cortava
Samburá pela metade
Já era hora de voltar
Antes que o dia se acabe
Tem muitos peixes pra limpar
No almoço do outro dia
Um prato de arroz e feijão
Não queria outra mistura
Peixe frito com limão
Nas minhas belas lembranças
Recordo o tempo que la morei
Uma vida simples de criança
Mas que muito eu desfrutei
Hoje são meras lembranças
E com muito orgulho eu posso contar
Da simplicidade do mato e da roça
E da minha alegria de poder pescar...