Oh tempinho que era bom
Óia, cês me descurpe os trocadilhos
De umas letras erradas
É que bateu uma sardade
Do tempo de mulecada
Papai falando fluente
A língua da minha terra
Que só depois já letrado
Compreendi que assim não era!
Tinha seu próprio dicionário
Vindo da imaginação
Encurtava as palavras
E ai se corrigissem ...
O meu velho sabichão...
Colher, dizia cuié
Mulher , era Muié
José, só nos registros
Porque pra todos era Zé!
Lembro com alegria ,
Das noites de lua cheia
Nos sentava nuns banquinhos
Feitos tudo de madeira,
E papai se preparava
Pra meter medo na gente
Contava história de fantasma
De panelas que batiam
De falar com o falecido
Quando alguma coisa acontecia....
Ligava um pequeno rádio
E ali a gente tremia...
Fazia a gente rir, com os causos do lambisame...
Que dizia que o bicho , gostava mesmo é de homem
Por isso se dera à Severino
O nome de lamber os homem...
Lá não tinha televisão
Os ouvidos eram os guias
A gente criava o cenário
E se emocionava
com quem nem conhecia .
Papai raiava com nós
Pra prestar atenção
Iria começar o programa
Que era aguardando desde então!
Um homem com voz grave...
Contava história de terror
E no final sempre havia uma fala
Que não me recordo claramente...
Depois de passado o susto
Traziam um violão
Tinha sempre um bom amigo
Pra entoar uma canção...
Que saudades dessa época
Oh tempinho que era bão!
...