A VELHA LOCOMOTIVA

a velha locomotiva adentrou o pátio

o local era espaçoso e servia de oficinas

existiam ali alguns prédios em ruínas

e também máquinas antigas paradas

seu Pacífico era um maquinista antigo

se orgulhava da Rede Ferroviária do Nordeste

matuto das brenhas, se achava cabra da peste

era a última viagem de um dia cansativo

puxou o cordão e a máquina apitou

era como se fosse o último suspiro

da "Maria Fumaça" que tanto admiro

ali ficaria para ter o seu fim

o velho ferroviário também parava

já era certa a sua aposentadoria

guardaria para si toda sua sabedoria

afinal foi quase meio século na Rede

conhecia todo o sistema e estações

manteve um padrão de vida honesto

trabalhou com dedicação, foi modesto

e quase beirando os setenta iria descansar

antes de sair olhou a máquina comovido

não queria desprezá-la mas era o jeito

já vinha com problemas, tinha algum defeito

e era preciso ser trocada por outra

lembrou dos momentos com ela viajando

com "Maria Fumaça" distâncias percorrendo

lágrimas nos olhos do velho escorrendo

são lembranças que jamais se apagarão

deixou o local e se despediu dos colegas

grande mudança agora em sua vida

um ferroviário parado, uma máquina esquecida

ele para o descanso, ela para a ferrugem

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 25/01/2022
Reeditado em 30/07/2023
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