vejo balanços
que balançam
sozinhos
que balançam
vazios
infinidade
de tamanhos
& tonalidades
eles estão
por toda parte
balanços
que somem
do campo
de visão
até não passar
de um borrão
mãos quentes
frias correntes
comunhão de
doces sinestesias
pulsação
de um peito
ardente
embriagado
de quimeras
sento-me
trago o ar puro
risco os pés
no cascalho
pra lá
& pra cá
alto
mais alto
borboletas
aí estão vocês
companheiras
de jornada
contem-me
como vai a vida
há
tanto
tempo
não
nos
vemos
pra lá
& pra cá
alto
mais alto
nem mesmo
os pássaros
feitos de aço
sabem dizer
até onde vai
o tamanho do céu
nem os aviadores
nem os velejadores
nem os sonhadores
balanço
as pernas
pra lá
& pra cá
nunca
estive
aqui
& e aqui
em casa
sinto-me
próxima parada:
no meio do nada
sonho que
de sonho
alimento-me
sonho que
dentro do sonho
toco as nuvens
& elas desenham
o meu caminho
já
estive
aqui
antes
engolida
pela biblioteca
apinhada de títulos
escritos com
tinta invisível
memorizo citações
para preencher
agendas inteiras
colorir as paredes
de ponta a ponta
sigo sem saber
até onde vai o céu
mas posso voar
porque sei escrever
& as palavras
são viajantes
como nuvens
mudam de formato
jamais de essência
turbulência
luzes apagadas
olhos arregalados
passou da hora
é dia outra vez
sem asas
sem saber
onde termina
o sonho
& até onde
vai o céu
a palavra
é o balanço
que acalenta
minhas borboletas.
- sonhei que sonhava.
N/A: Pouco antes eu havia republicado aqui o poema de 19/11/2018 intitulado Balanços, no entanto, senti vontade de dar-lhe uma nova roupagem, espero que gostem. A propósito, eu amo balanços. ♥