prolixo

Quando esbravejei

não entendi o que você me disse

Gastei mais tempo na minha tormenta

Do que traduzindo sua caligrafia.

Quando você fala

não entendo por quê tanto diz

Passo mais tempo refraseando

Do que entendendo sua urgência de mim

Há muito que se falar

quando os segundos são espinhos

sendo cravados cada vez mais profundamente

Às vezes na minha nostalgia

eu tento reler seus versos

Ainda não consegui decifrar o chanfrado

Ainda não é hora de saber

Às vezes quando não posso evitar

Me pego pensando nas suas não-sinteses

que já incorporaram no meu juízo de valor

E me percebo calada

Por não saber dizer nada por dizer

Por não saber dizer por dizer

E sinto falta das suas longas palavras destrinchadas

que são sinônimos do seu carinho.

Fernanda Chagas
Enviado por Fernanda Chagas em 26/12/2021
Código do texto: T7415635
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