prolixo
Quando esbravejei
não entendi o que você me disse
Gastei mais tempo na minha tormenta
Do que traduzindo sua caligrafia.
Quando você fala
não entendo por quê tanto diz
Passo mais tempo refraseando
Do que entendendo sua urgência de mim
Há muito que se falar
quando os segundos são espinhos
sendo cravados cada vez mais profundamente
Às vezes na minha nostalgia
eu tento reler seus versos
Ainda não consegui decifrar o chanfrado
Ainda não é hora de saber
Às vezes quando não posso evitar
Me pego pensando nas suas não-sinteses
que já incorporaram no meu juízo de valor
E me percebo calada
Por não saber dizer nada por dizer
Por não saber dizer por dizer
E sinto falta das suas longas palavras destrinchadas
que são sinônimos do seu carinho.