PRESÉPIO DE PAPEL
Há pouco senti saudades
Do velho presépio de papel
Que alegrou meu mais humilde
E talvez mais alegre Natal,
No tempo em que o Natal
Tinha para mim toda uma magia
Que hoje já não tem
E eu tinha a ventura
De ainda não ter falhado em nada,
De quase nada saber
E de não me conhecer.
Há pouco senti saudades
Do velho presépio de papel
Que alegrou meu mais humilde
E talvez mais alegre Natal,
No tempo em que eu era
Verdadeiramente feliz
E supunha que o seria para sempre
E em que ainda não tinha
Este temperamento melancólico
Nem havia tido o coração ferido
Pelos espinhos da rosa da saudade
Do que foi e do que deveria ter sido.
Ah! como dói a impossibilidade de regressar
Ao que foi e de rever, não apenas na saudade,
O velho presépio de papel
E diante dele reviver plenamente,
Ainda que por poucos instantes,
Toda a magia daquele alegre Natal
De fins da década de 80 do século passado!
Ah! Natais da infância perdida!
Ah! Presépio de papel da minha meninice morta,
Da Idade de Ouro da minha vida
Que o mar do tempo engoliu!
Victor Emanuel Vilela Barbuy, Santo Amaro, São Paulo, 25 de dezembro de 2014.