A LUCIDEZ SOLITÁRIA
A LUCIDEZ SOLITÁRIA
Alguns amigos mudaram
o curso de seus rios
e navegaram em direção
a outros mares.
Levaram consigo
a lucidez solitária,
a identidade universal.
Leram Homero?
Leram Borges?
Leram Drummond?
Ou se entregaram, simplesmente,
ao desaguar
neste vasto oceano
em que a poesia da vida inteira
se veste de azul?
Se poetas são, ou foram,
Viveram a intensidade do sonho?
As cordas de suas liras partiram?
Morreram neles todo o lirismo
escrito em suas almas
ou em papel ao logo dos anos?
Sinto-os distantes e tão perto.
A memória ainda acesa
se esforça para desenhar esses rostos juvenis
que alimentavam nobres ideais.
NELSON MARZULLO TANGERINI.