APAIXONADOS

Mote

Quando cruzamos o olhar

E uma paixão nos devora

Somos marionetas a bailar

Onde a mágoa se demora

I

Quando num dia qualquer

Numa hora indeterminada

Quando o destino intervém

Um homem e uma mulher

Olham-se e numa mirada

Sem que o saiba ninguém

Nem sequer os corações

Dos pobres que por amar

São presas dessas paixões

Quando cruzamos o olhar

II

Melhor seria para os dois

Fecharem seus corações

Deitarem ao mar a chave

E não se culparem depois

Por causa dessas paixões

Que são do amor a trave

Quando nesses caminhos

Que cruzam ambos, agora

Entrecruzam seus carinhos

E uma paixão nos devora

III

Se uma mulher apaixonada

Presa nas malhas dessa teia

Sente-se vítima do destino

Melhor é fugir da beirada

Desse enredo que a enleia

Como o conjunto forte e fino

Desses artistas contratados

Com finos dedos a manejar

Os corações dos namorados

Somos marionetas a bailar

IV

Numa decisão implacável

Tomada de coração ferido

Alma renunciando ao amor

Questiona se é justificável

Calar a emoção sem alarido

E sufocar cada dia essa dor

Viver apenas da recordação

Ver seu olhos a cada hora

Refreado o triste coração

Onde a mágoa se demora!