O HERÓI DO SERTÃO

O HERÓI DO SERTÃO

Carlos Roberto Martins de Souza

Fogão de lenha encravado na cozinha

Você foi apelidado de herói lá do sertão

Na tapera ou na casa da fazenda tinha

Sempre foi a eterna e grande solução

Sua grandeza e também a sua beleza

Sua grande e indispensável utilidade

Fez de você uma eterna e nobre realeza

Pelas bandas da roça e até lá na cidade

De formatos e tamanhos muito diferentes

Todos porém com o mesmo combustível

Chapa e chaminé de beleza exuberantes

Considerado por muitos insubstituível

Para controlar o fogo não era em botões

Era preciso experiência apurada no jogo

A disputa às vezes era pelos pulmões

A briga ferrenha entre a lenha e o fogo

No teto da cozinha ficavam as digitais

Nas telhas picumãs enfeitavam a cena

A fumaça pintava quadros fenomenais

A brasa vermelha era a dona da pena

As panelas pagavam o preço da queima

A lenha tinha seu nobre e último momento

Aquele barro branco usado na queima

Fazia do douto um grande monumento

A comida de sabor diferente e sem igual

Ninguém pode negar a proeza culinária

Arroz feijão angú carne cozida o meu mau

Comer bem era uma tarefa e rotina diária

No inverno o fogão se tornava o cobertor

No frio lá da roça era lugar disputado

O fogão tinha até status de nobre doutor

Seu calor não deixava ninguém frustrado

Rolava muita prosa e também as lorotas

Tinha causos tinha café e o assado milho

Tinha cigarro de palha e muitas anedotas

Tinha broa de fubá e biscoito de polvilho

Não é ligado a confete mas a serpentina

Dela ele faz o banho quente do matuto

Da mulher do guri também da menina

Ao fogão a lenha eu pago meu tributo

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 22/09/2021
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