MEU TEMPO NA ROÇA
MEU TEMPO NA ROÇA
Carlos Roberto Martins de Souza
Minha infância na roça foi muito curta
Mas não abandonei minhas tradições
Pois a vida na cidade jamais me furta
Viver desfrutar abandonar as paixões
Que saudades do lampião a querosene
Das tardes de cantorias do meu sertão
Do passeio pela roça em um rito solene
Vendo o belo bentivi bicando o mamão
Na roça o amanhecer era bom de se ver
O cheiro da relva a neblina lá na baixada
No curral a ordenha e o leite para beber
O sol saia e ouvia o cantar da passarada
A broa de fubá e o café forte e quentinho
O silêncio sempre quebrado pela boiada
Berrando seguindo mansa pelo caminho
Seguindo para o curral depois da noitada
Tenho saudade do meu tempo lá na roça
Onde as amizades não tinham cor de pele
Nem classe social religião nada que possa
Fazer diferença que a situação não releve
Cultivam a terra que nos dava o sustento
Eles trabalham duro porém com satisfação
No fim do dia dever cumprido com alento
A alegria no rosto e muita paz no coração
À noitinha descansados bem alimentados
Eles juntam os amigos para uma cantoria
Uma viola e um violão e lindos ponteados
E na luz do lampião eles esbanjam alegria
Daqueles bons tempos eu tenho saudade
Não sou de ficar quieto fazendo resenha
Hoje eu não sou feliz morando na cidade
Eu guardo na lembrança o fogão a lenha
Saudades de tempos que não voltam mais
Pois a idade já não me permite aventuras
Sou obrigado a morar na cidade ler jornais
E lamentar com tristezas as desventuras