S. NICOLAU A TOQUE DE CAIXA
“A Guimarães dos tempos idos” (*)
Nunca este São Nicolau foi tão desprezado,
Por estar passando suas Festas a toque de caixa…
Quem diria (?) por todos assim tão humilhado
E até mesmo obrigado a ter que meter baixa!
Ai, ó São Nicolau, grande São Nicolau,
Se soubesses com´ estão tristes os Estudantes
A quem tiraram o prazer, sarau a sarau,
D´ arrelia de não terem Festas como dantes…
A toque de caixa ninguém vê bois, nem Pinheiros;
A toque de caixa teus Pregões estão p´ las Alminhas;
A toque de caixa nem os últimos são os primeiros…
E já ninguém desfruta a cor das maçãzinhas!
Ai, ó São Nicolau, ó fixes «Nicolinos»,
Como podereis despir-vos do vosso orgulho
Sem terdes garantia das Ceias e dos vinhos
E dos rojões com grelos e papas de Sarrabulho?
Ai, ó São Nicolau, perderam-se as Novenas
E já se não ouvem os rogos da Irmandade
C´ os Bombos, qu´ imperavam, dando lugar às caixas,
Às reles Caixas que não deixarão Saudade…
Ai, ó São Nicolau, anda tudo cabisbaixo,
Está tudo na descrença e já não há maneira…
Se não deitas a mão vai tudo por água abaixo
Ou então entra em cena a louca Roubalheira…
Há que recuperar as famigeradas Posses
Para afastar olhados e dar lugar ao Susto;
E em troca exigir os mais saborosos doces
Ou encher Sacas de castanhas pro Magusto.
Ouvir-se-ão de novo os «toques Nicolinos»
E ver-se-ão outra vez os rostos das donzelas
A pedinchar Maçãzinhas e beijos malandrinos
Lá do alto das sacadas ou das suas janelas?
Ai, ó São Nicolau, deixa as moças e moçoilas
Fazerem trinta por uma linha nos seus Bailes
Desafiando os mancebos pra qu´ as façam noivas
Disfarçando sorrisos frescos nos seus xailes…
Ai, ó São Nicolau! Tu vais a toque de Caixa,
Do campo de São Mamede ao Campo da Feira,
E de lá ao Toural… Não fiques de cabeça baixa,
Agarra-te, antes … à Senhora da Oliveira!
(*) – Fiz menção memorial em “versos alexandrinos”
Aos meus saudosos e alegres tempos Nicolinos!...
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA