AO CHINELO COM CARINHO
AO CHINELO COM CARINHO
Carlos Roberto Martins de Souza
Tenho me espantado com o tal respeito
Vejo coisas que me deixam assustado
Tem até filho levando os pais no peito
Este mundo está mesmo muito mudado
No meu tempo de criança o tal chinelo
Era a lâmpada de alerta na vida infantil
Aquela peça num golpe cruel e singelo
Fazia o rebelde lembrar quem o pariu
Com o chinelo se botava ordem na casa
Ele nem precisava ser de marca famosa
Fazia qualquer birrento baixar a sua asa
Só em saber que a mãe estava nervosa
Eu ouvia desobedeceu o chinelo comeu
Muitas vezes a minha teimosia era paga
O corretivo fazia barulho culpado era eu
Mas eu sabia do preço da minha saga
Na bunda ele fazia arder e deixava marca
Não da alpargata mas daquela chinelada
Bunda inchada era comum lá na fuzarca
E a falta de respeito não era marmelada
Todos se lembram do saudoso chinelo
Não incrimino minha mãe na conduta
Devo a ele a minha retidão ele foi o elo
Na minha educação nesta vida de luta
Hoje quando vejo crianças com pirraças
Fico olhando para o meu humilde passado
O abandono do corretivo gerou desgraças
Filho não respeita é método ultrapassado
"Ao Chinelo Com carinho" não é um vídeo
É somente sinal de alerta de um velho pai
Vendo tantas aberrações vejo no suicídio
Valores regras respeito e isto já não atrai