CURVELLO, MG.

CURVELLO

[Comunicado a meu amigo e irmão

Roberto Carlos Costa de Oliveira]

Um vento gelado neste final de tarde

me leva à triste canção,

escrita em Curvello,

pequena cidade das Minas Gerais.

Fotografias da fogueira inquisitória

- perdidas –

que o tempo não traz de volta

e não se pode revelar.

Aquele amigo se foi

e eu queria dizer-lhe

que sua preciosa vida

- diamante –

podia ser longa e bela.

Ficam na memória

aqueles momentos

em que a felicidade,

fruto da amizade, brilhava

em nossos corações

imaturos.

Trens fantasmas, ferrovias

e um carro quase assassino, impiedoso, veloz,

tentando tirar a vida

de nosso irmão Nelson Maia Schocair.

A árvore dos enforcados, robusta, altiva,

cheia de vida,

conta histórias de mortes,

enquanto vozes, desesperadas, tentam

nos pedir socorro.

Por que pensar nisto, agora?

Por que pensar, agora,

naquele amigo que não está mais presente

entre nós?

Um vento gelado

leva a tarde,

a minha canção,

a minha lembrança

- pedra no meio do caminho -,

do meu amigo ausente,

presente para sempre

em meu coração.

NELSON MARZULLO TANGERINI

A foto não é de minha autoria.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 30/08/2021
Reeditado em 30/08/2021
Código do texto: T7331591
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