CURVELLO, MG.
CURVELLO
[Comunicado a meu amigo e irmão
Roberto Carlos Costa de Oliveira]
Um vento gelado neste final de tarde
me leva à triste canção,
escrita em Curvello,
pequena cidade das Minas Gerais.
Fotografias da fogueira inquisitória
- perdidas –
que o tempo não traz de volta
e não se pode revelar.
Aquele amigo se foi
e eu queria dizer-lhe
que sua preciosa vida
- diamante –
podia ser longa e bela.
Ficam na memória
aqueles momentos
em que a felicidade,
fruto da amizade, brilhava
em nossos corações
imaturos.
Trens fantasmas, ferrovias
e um carro quase assassino, impiedoso, veloz,
tentando tirar a vida
de nosso irmão Nelson Maia Schocair.
A árvore dos enforcados, robusta, altiva,
cheia de vida,
conta histórias de mortes,
enquanto vozes, desesperadas, tentam
nos pedir socorro.
Por que pensar nisto, agora?
Por que pensar, agora,
naquele amigo que não está mais presente
entre nós?
Um vento gelado
leva a tarde,
a minha canção,
a minha lembrança
- pedra no meio do caminho -,
do meu amigo ausente,
presente para sempre
em meu coração.
NELSON MARZULLO TANGERINI
A foto não é de minha autoria.