SERÁ?
Será que ainda há
um lugar pra se sentar
e admirar a lua a desfilar
na passarela do céu,
com um buquê de estrelas
em suas mãos,
mesmo que tristonha
pelo que ainda sonha,
ser a eterna noiva
de seu amado sol?
Será que ainda haverá
uma janela para o violeiro
desfilar seu doce versejar,
a moça, esperando o poeta
lhe fazer a corte,
cantigas de querer e amar,
a luz a apagar e acender,
os lábios em festa,
as pálpebras da noite
se fechando em devaneios,
o amor justificando os meios?
Será que um pensamento musicado
já não mais dura,
a cantiga, como num cofre guardado,
aprisionada na partitura,
réquiem numa noite escura,
os poetas andarilhos
a espiarem o trem da saudade
vindo pelos trilhos?