GERALDO SEM PAVOR CAP 5
GERALDO SEM PAVOR
Capítulo Quinto – 23 jun 21
Aparentemente, nunca se casou,
não admira, nesse intenso vaivém;
a lenda corre de que se apaixonou também
pela filha de um fidalgo, que a negou.
Foi jogador e dizem que se embebedou
com bastante frequência, a real razão
de seu desentendimento na primeira ocasiâo:
Dom Affonso o repreendeu e não gostou!
Há muitas lendas em torno de sua vida:
Ter-se-ia de padre e de rabino disfarçado,
para entrar nas cidades sem ser revistado;
descobria os pontos fracos e de vencida
as levava depois. Mas a maior
dessas lendas se refere à sua armadura,
que conquistara de maneira impura,
segundo afirmou mais de um seu destrator.
Ele teria encontrado um cavaleiro
a tomar banho em certo rio, despido,
e com um bordão o teria abatido
e se apossado das armas, sorrateiro!
Mas Geraldo afirmou, pelo contrário,
que as conquistara num jogo de dados,
na disputa noite a dentro a ser jogados,
ao cavaleiro sendo o destino adversário.
Finalmente, após perder sua armadura,
teria apostado seu escudo contra ela;
perdendo assim o brasão e a honra dela,
envergonhado, num assomo de loucura,
ao rio lançou-se, disposto a se afogar;
alguns afirmam que ocorreu a partida,
mas que Geraldo lhe tirou a vida,
depois que o oponente o fora desafiar.
Cheio de vergonha por perder o seu brasão,
não conseguira conformar-se o cavaleiro
e a Geraldo acusou de trapaceiro,
quando este o abatera com o bordão;
o cavaleiro o teria atacado com a espada,
mesmo perdido, ainda ali a seu alcance.
A verdade é obscura nesse lance,
Cada versão a ser mais desencontrada!
Mas o certo é que foi armado cavaleiro,
depois de Évora as chaves entregar
a El-Rei D. Affonso, ou não poderia alcançar
a condição de Alcalde, é bem certeiro.
E de Évora, até hoje, no brasão,
está Geraldo montado em seu cavalo,
duas cabeças cortadas sobre o valo,
a espada em riste para essa enfrentação.