GERALDO SEM PAVOR CAP 2
GERALDO SEM PAVOR
Capítulo Segundo – 20 jun 21
Sendo os fidalgos cavaleiros por nascimento,
obedeciam diretamente e só ao rei;
já os vilões, por sua diversa grei,
eram sujeitos mediante impedimento,
à obediência de um Adail Real,
só liberados desta hierarquia
se o rei os nomeasse para a cavalaria,
por qualquer feito de valor mais especial.
Ora, é preciso lembrar que por “vilões”
eram os moradores das vilas conhecidos
em oposição aos “cidadãos” nascidos,
sem haver quaisquer más conotações,
como têm hoje, salvo que os cavaleiros,
que eram fidalgos, se achavam superiores
aos plebeus e mesmo alguns eram senhores
das terras em que trabalhavam quais meeiros.
Por ocasião da Reconquista, no entretanto,
os chamados “Vilões de Santarém”
buscaram terras para si também,
sem submetê-las assim do rei ao manto;
além de Geraldo, Ruy Pires Bugalho,
João Viegas e Silvestre Peres,
forçados pelo rei a tais haveres
lhe entregar, após tal ato falho.
Os outros três se submeteram facilmente,
mas Geraldo só obedeceu de má vontade,
sendo exilado pelo poder da Majestade
de D. Affonso Henriques, por ser impertinente.
Assim passou-se para o Reino de Leão,
com leal grupo de seus seguidores,
recebido por D. Sancho com louvores,
que lhe determinou vasta missão.
E em 1165, conquistou aos Mouros
as cidadelas de Cáceres e Trujillo.
D. Affonso Henriques mandou seu próprio filho
para chamá-lo de volta, sem desdouros.
Em outra versão, por conta própria retornou
e de Yeborath ou Évora teria planejado
a conquista, para se ver reconciliado
com o rei que anteriormente o exilou.
Disfarçado como um simples trovador,
rondou a cidade, muito bem fortificada,
até que brecha foi por ele encontrada
e a invadiu com o máximo furor.
Depois foi levar as chaves da cidade
a Dom Affonso Henriques, que o nomeou
Alcalde-Mór de Évora e de novo lhe entregou
as chaves, talvez até em perenidade.