Um pedaço de Jaú

No anoitecer dos dias,

Quando a vida se despir

Dos raios dourados da minha mocidade,

Quero fugir por um instante

E percorrer o chão batido

Da velha estrada de cascalhos.

Quero beber o verde das colinas

E descer no coração do grande vale,

Onde passei meus dias de sol

Correndo pelos campos.

Lugar onde compreendi a natureza,

Onde me ensinaram a amar a chuva

Que molha a terra e fecunda as sementes,

- Que o homem lança, com a certeza de colher o fruto.

Vou descer no meu vale para agradecer,

Pois foi como a força das águas

Que correm em suas entranhas,

A força do despertar da minha busca.

Foi no seu seio,

Tão repleto de brisa,

Onde nascem os girassóis no milharal;

Onde a cana-de-açúcar se estende doce

Sobre as delícias da terra roxa

É que nasceu meu primeiro verso,

Nutrido pela força e pela coragem do seu solo,

Como homens de mãos nas enxadas

No revolver da terra,

Levando a alegria de cada dia de sol

Nas costas morenas.

Foi aí meu vale, meu desabrochar,

Tão vivo quanto a esperança da mulher que espera,

E ensina o filho amar a terra em que nasceu!

(do livro de poesias “Tatuagem”)

Eva Gomes de Oliveira
Enviado por Eva Gomes de Oliveira em 08/11/2007
Reeditado em 19/07/2009
Código do texto: T728023
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