Saudosismo
SAUDOSISMO
O mundo está demais mudado.
As músicas feitas com lirismo
São agora coisas do passado,
Deixou de existir o romantismo.
A união não é firmada na igreja.
O álbum com fotografias sumiu.
Não se ouve os gritos: beija! Beija!
Ou o grito: o noivo correu, fugiu!
O vestido cuja calda rolava no chão,
Foi por uma saia curtinha trocado.
Música agora é funk ou baladão,
Valsa? É coisa de um povo atrasado.
O casal não usa mais o escurinho
Ou marquises de lojas pra namorar.
Era gostoso ficar no escondidinho,
Sem o irmão da moça pra chatear.
A criança não brinca de garrafão,
Casamento oculto, chicote-queimado,
Bola de gude, cabra-cega e pinhão,
Que rodava na mão se bem jogado.
Não vemos às ruas comemorações
De Natal, Santo Reis e de Ano Novo.
Festas que eterneciam os corações
Com brinquedos pra animar o povo.
Não se ouve recado no alto-falante:
Do apaixonado, Zezinho Barela,
A música do Rei, Amada Amante,
Para seu doce amor, Florisbela!
As festas juninas não têm fogueira
Com o poder de fazer enamorar
Um casal jovem que em brincadeira
Prometia um ao outro sempre amar.
Já não existe mais o belo pastoril
Com a Diana, o azul e o encarnado.
A roda gigante, como a festa sumiu,
Desapareceu, é coisa do passado.
Não existe mais o gostoso namoro.
A moda agora é: vamos ficar?
O namorado não precisa ter decoro
De aos pais dela pedir pra casar.
O diálogo entre o pai e o filho mudou.
É assim: qual é coroa, tá ligado?
Não? Qual é papi, não se ligou pô?
Eu tô maneiro, pra cima, tô xonado.
E assim segue o cidadão na Terra,
Sem as virtudes da paz e do amor.
Semeia o ódio e fomenta a guerra,
Contrariando Deus, Nosso Senhor.
Bira Galego.