Afugento

Afugento meus sentimentos

Sem perceber esculturas no ar,

São semi deuses semi nuas

Em seus ósculos escuros

Permitem apenas olhos

Ou ondas em corpos

Ciclone típico localizado

Castigando minhas costas.

Se sou chinelo,

Parece que você veste sandálias

Sabores de um certo medo

Cobrindo este olhar

A incerteza da pouca idade

E de seus lábios

O desejo de comer a sua boca.

Mastigar esta sua carne macia

Quantos dias abandonei

Ruas e avenidas

Deixei a saudade

Também esquecida

Sem pensar:

Dia e a noite.

Entrei neste jardim

Apenas com cuidado

Para não parecer largado

O calor de teu corpo

Não se esfria

Sou a sina do teu olhar

Que agora me vê.

Esta quente este caminho

Solitária luz a pique

Os galhos mexem cortantes

Sou a árvore desfalecida

Poucas folhas guarnecidas...

Sou a terra pudica,

Os frutos teus maduros

A semente do meu desejo

A mão que passeia e clama.

Do pigmento da obra inclusa

Vem o desejo do teu extravio

Vem de olhos em vendas justas

Que a balança não penda em vão

Temo pela paixão que me condenas

E nesta túnica que agora esconde

A justiça é nua e crua.