Manuscritos VII
A velha tinta invisível
Esbarra por todo o papel
Imagino os silêncios nesses espaços
Desaparecendo um por um...
Se soubesse encontrar as rosas
O frio não sufocaria o corpo
E os versos não afundariam no travesseiro
Quando me retirassem as palavras!
Estou procurando o rascunho
Em qual gaveta o deixei?
Se tivesse identificado
Não teriam manchado de tinta
As minhas mãos e o papel
Quem poderia ver?
Acaso alguém saberia qual tinta usei?
Os seus olhos estão abertos
Mas é incapaz de visualizar
A tinta que borra as palavras
Quando você não está
As palavras escondem entre os teus dedos
Mas não posso guardá-las em um envelope
Aprende a ver a tinta espalhada nas letras
Com os olhos de uma criança.
Se lhe retirassem o peso dos versos
Aliviaria a dormência de tuas mãos ao escrever?
Ou seguraria as palavras dentro do peito
Esquecendo do dia que respirava aliviado
Para viver no passado sem esperança?