Lembranças
Era um tempo contente.
Sempre ao poente
A areia branca brilhava
Pela estreita trilha
De três peregrinos.
Para o horizonte caminhavam,
Rumo à casa simples no Oeste.
A ingenuidade era guiada
Pelas ladeiras de pedregulho
Até chegar ao destino,
Onde iam logo se abancando,
Formando uma plateia escadada
No canteiro da alta castanhola.
Uma calçada amparava
Uma cadeira de ferro fitilada,
Dessas bem declinada.
Do lado, como um criado mudo,
O velho tamborete de couro curtido
Abancava os rústicos utensílios.
Sempre um pouco de fumo desfiado,
Uma miniatura de faca madeirada,
Que amaciaria a palha de milho seca.
Duas tragadas e estava pronto.
O orador sem formação
Iniciava seu monólogo
Da vida vivida.
Aventura, suspense que dava medo,
Histórias sem segredos.
Muitos dizeres, brincalhão,
Boa parte era sobre o Herói do sertão.
Em coincidência o mesmo nome,
Antônio Silvino,
O que lhe rendeu o apelido:
Cangaceiro de Lampião
Se por ventura algum tormento
Logo era chamada a atenção
Um temperar de garganta entoado
Assim, vô era respeitado.