Na Madrugada de Setembro
Que noite tão invulgar…
Na qual os insectos mais ousados
Não encantavam nem os ruídos
Dos batuques ribeirinhos assolavam ao calcanhar
Que mais posso versificar
Da baia moribunda,
Ou quiçá da empobrecida bunda
Que nada mais me podia inspirar
Que mais posso escrever se a alma
Cansada de tanto retrato
Daquele homem de pranto
Afugenta a minha inspiração à cama
Cá talvez ser poeta
Não seja assim tão nobre
Porquanto há alguém pobre
Que por amor preferiu ir noutro planeta...
Acreditar que um fio de pensamento
Invada meus desejos noturnos
Para viajar nos devaneios diurnos
É pacientemente alegrar-se pelo sofrimento...
Nesta madrugada de Setembro
Minhas mãos negras e tão pecadoras
Não resistem à escuridão das horas
E num poema, do meu amor me lembro.
Poeta Mandongue, em 15 de Setembro de 2007.