RECORDAÇÃO E FÉ

Obs.: Talvez você se surpreenda com esta obra poética. Este poema não tem a beleza dos poemas que eu fazia, pois eu mudei e não enfeito mais. Eu apenas me expresso. Mas este poema pode ajudar muitas pessoas que reclamam da vida. Muitas pessoas não sabem o que é a vida.

Casinha de taipa, coberta de palha;

Sem água, sem luz, sem televisão;

Sem computador ou celular o dia inteiro;

Casinha sem conforto, sem banheiro;

O piso da casa era o próprio chão.

Era no mato que a gente defecava.

Talvez o leitor não goste dessa expressão.

Mas palavras verdadeiras não têm enfeite;

Diz Lao-Tsé, e ele tem razão.

Quando eu saía para defecar,

Os porcos iam atrás imediatamente;

Eles ficavam querendo fuçar a gente,

Não era algo que viesse a me agradar.

Era com folha de árvores que eu me limpava,

Pois não havia papel higiênico;

E assim a vida ia transcorrendo,

Deus tudo aquilo estava vendo,

E a gente se acostumava.

Eu caminhava muito para estudar,

Quando lá não havia professor;

Ia ao mato o jumento caçar,

Para ir buscar água numa fonte chamada "Fervedor".

Ah, quão doce aquela água era!

A água da cidade não é tão boa quanto a de lá!

A minha vida era difícil, mas já era bela,

Sou poeta, mas escrevo sem fantasiar.

Se não achasse o jumento, voltava logo,

Para ir buscar água no ombro mesmo;

Eu ia chorando e voltava cantando;

Cantava alto com alegria;

A vida era difícil, mas fluia;

É muito bom estar relembrando.

Eu ia ao mato colher pequi,

Fava para gado bovino e bacuri;

Ia a outro povoado buscar banana,

Laranja e tangerina para revender;

Mas nunca faltaram arroz e feijão para comer.

A minha irmã materna ficava em casa;

A minha mãe ia quebrar coco;

O meu irmão materno ia trabalhar na roça;

A gente não sofria fome, mas tinha pouco.

Eu era criança e adolescente,

Nesse tempo de muita luta;

Era também discriminado,

Mesmo não fazendo nada errado;

Era honesta a minha conduta.

Eu não provocava ninguém,

Mas também não aceitava provocação;

Jogava bola todo fim de tarde,

Andava de baladeira pra matar passarinho,

Com ela me defendia de outros meninos,

Pois sou filho de homem, e não de covarde.

Mas eu sou contra todo tipo de violência;

Sou amante do conhecimento e da sabedoria;

Sempre foi elogiada a minha inteligência;

O meu ser é fonte de poesia.

Eu me chamo Domingos Ivan Barbosa;

Nasci no povoado Mosquito;

A vida é bela e preciosa;

O meu Criador é Bom e Bonito!

Estou voltando a ser criança;

A criança que fui é exemplo pra mim:

Uma criança que amava estudar,

Que mesmo doendo dente ia à escola;

É um amor que não consigo explicar.

O meu Criador sempre esteve comigo;

Ele sempre me protegeu;

Ele é meu Pai e meu Abrigo;

Agradeço-lhe as dificuldades que ele me deu.

A minha história me mostra a existência de um Ser Supremo;

Tudo o que me acontece é parte do plano do meu Deus.

Somente com a Providência eu realmente compreendo

O que acontece na minha vida fora dos planos meus.

Há coisas que somente a Providência explica;

Há coisas que a mente humana jamais vai explicar;

A vida humana é realmente um mistério;

O meu Criador nunca vai me abandonar.

Há coisas estranhas que ainda acontecem;

Há coisas que deixam de acontecer.

Mas tudo acaba me fazendo bem;

Tentam o mal, mas tenho no Tao inefável prazer.

Hoje, eu agradeço a Deus a minha vida!

Eu não quero mais pedir nada!

Agradeço a Deus profundamente!

Sou um homem feliz, sou contente!

A minha vida é abençoada!

Agradeço os dentes grandes que Deus me deu!

Agradeço a discriminação, o racismo, o preconceito!

Tudo isso me fortaleceu!

A vida é bela, sou satisfeito!

Muitas pessoas reclamam da vida,

Não sabem o que é dificuldade,

Querem tudo sem nenhum trabalho,

É muito frágil a nossa sociedade.

Hoje, eu vivo no paraíso!

Sou grato a Lao-Tsé e a Sócrates!

Sou grato a Chuang Tzu e ao zen-budismo!

Sou grato a Jesus Cristo e Aristóteles!

Sou grato a Epicteto e Epicuro!

Sou grato a Osho e a Buda!

Pois é a sabedoria que eu mais procuro!

Nesta vida, tudo passa, tudo muda.

Agradeço a Stuart Mill e Descartes!

A Gandhi, Kant e Boécio!

Agradeço a Marco Aurélio e Sartre!

É com sabedoria que a vida bem acontece.

Agradeço a Thich Nhat Hanh, um mestre Zen!

Agradeço também ao taoismo!

Amar a vida me faz bem!

O meu ser é um paraíso!

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 16/12/2020
Código do texto: T7137282
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.