Cinco gotas de poesia
Dez gotas de lirismo.
Um papel.
Um lápis ou caneta.
Ou simplesmente uma boa memória.
A rima é opcional.
A assepsia é facultativa.
Há banhos de lua.
De romantismo discreto.
De pragmatismo abjeto.
De cólera dos ofendidos.
Da indignação dos insubmissos.
Quebramos grilhões.
Algemas.
Superamos torturas.
Isolamentos, distanciamentos e solidão.
Matamos vírus, bactéria e besterol.
Lavamos a mão com vasenol.
A poesia salva.
Homeopaticamente.
Algumas gostas sutis
faz-nos renascer mais humanos.
Mais sensíveis.
Mais plenos e integrados à natureza
Faz de um, ser um pouco de todos.
Faz de um único ser, tornar-se absolutamente diverso.
E, o diverso ser único.
E, por vezes, o diverso ser perverso.
Atravessando a poesia
com palavrão.
O único a rir da chuva.
O único a chorar pela primavera.
O único a entender o outono.
E, talvez o único a apreciar o frio
das geleiras, dos icebergs e,
se sentir feliz com tudo isso.
Como se curasse a dor de existir.
P.s. Drummond se formou em Pharmacia em 1925.