PROPAGANDISTAS DE FEIRA

Antigamente na grande feira livre de Picos,

Realizada aos sábados, havia muitos propagandistas

E vendedores, que em sua grande maioria

Vinham de longe, para aqui vender seus produtos.

Cada um com sua lábia e eloquência peculiar.

Alguns diziam e simulavam ter

Uma cobra numa maleta...

Uns chegavam a mostrar o animal;

Outros nunca mostravam.

E com uma vareta batiam na maleta fechada,

E, fingindo, mandava a serpente se aquietar.

E dessa forma ia aumentando a expectativa

Daquele aglomerado de pessoas ao seu redor.

Havia também o loquaz vendedor

De banha de peixe-boi da Amazônia.

Que curava diversas enfermidades,

Que ele apregoava e fazia questão de

Enumerá-las verbalmente.

Já outro vendia um pequeno remédio

Em formato de uma pequena pedrinha

Retangular, que, segundo ele, curava

Eficazmente picada de cobra venenosa.

Bastava colocar aquele pequeno produto

Sobre o ferimento até sugar todo o veneno.

E havia um que vendia copos de vidro,

E sempre repetia o jargão:

“Copos de vidro neutro natural!”

“Copos de vidro neutro natural!”

E loquazmente ali fazia uma demonstração

Da seguinte maneira:

“Se em sua casa não tiver um martelo,

Use esse copo para fincar o prego...”.

E em seguida, simulando ser um martelo,

Batia com o fundo do copo na cabeça do prego

Até fincá-lo totalmente num pedaço

De madeira que ele trazia consigo.

Já um vendedor de panelas e cuscuzeiros

De alumínio, vendo uma senhora se aproximar,

Mostrando-lhe uma grande cuscuzeira

Assim falou: “Minha senhora, veja

O tamanho desse cuscuzeiro!

A senhora vai fazer cuscuz

E vai deixar seu marido empanzinado!”.

E, assim, vão seguindo os vários exemplos

Do grande número de propagandistas vendedores

Que vinham de longe para aqui divulgar seus produtos

E simultaneamente comercializá-los.

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 03/10/2020
Reeditado em 03/10/2020
Código do texto: T7078903
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