PROPAGANDISTAS DE FEIRA
Antigamente na grande feira livre de Picos,
Realizada aos sábados, havia muitos propagandistas
E vendedores, que em sua grande maioria
Vinham de longe, para aqui vender seus produtos.
Cada um com sua lábia e eloquência peculiar.
Alguns diziam e simulavam ter
Uma cobra numa maleta...
Uns chegavam a mostrar o animal;
Outros nunca mostravam.
E com uma vareta batiam na maleta fechada,
E, fingindo, mandava a serpente se aquietar.
E dessa forma ia aumentando a expectativa
Daquele aglomerado de pessoas ao seu redor.
Havia também o loquaz vendedor
De banha de peixe-boi da Amazônia.
Que curava diversas enfermidades,
Que ele apregoava e fazia questão de
Enumerá-las verbalmente.
Já outro vendia um pequeno remédio
Em formato de uma pequena pedrinha
Retangular, que, segundo ele, curava
Eficazmente picada de cobra venenosa.
Bastava colocar aquele pequeno produto
Sobre o ferimento até sugar todo o veneno.
E havia um que vendia copos de vidro,
E sempre repetia o jargão:
“Copos de vidro neutro natural!”
“Copos de vidro neutro natural!”
E loquazmente ali fazia uma demonstração
Da seguinte maneira:
“Se em sua casa não tiver um martelo,
Use esse copo para fincar o prego...”.
E em seguida, simulando ser um martelo,
Batia com o fundo do copo na cabeça do prego
Até fincá-lo totalmente num pedaço
De madeira que ele trazia consigo.
Já um vendedor de panelas e cuscuzeiros
De alumínio, vendo uma senhora se aproximar,
Mostrando-lhe uma grande cuscuzeira
Assim falou: “Minha senhora, veja
O tamanho desse cuscuzeiro!
A senhora vai fazer cuscuz
E vai deixar seu marido empanzinado!”.
E, assim, vão seguindo os vários exemplos
Do grande número de propagandistas vendedores
Que vinham de longe para aqui divulgar seus produtos
E simultaneamente comercializá-los.