O ALFENIM
Diante de três filhos e da ignorância,
quando se negam a levar um presente
e lá, encostado, fica o doce alfenim,
abandonado, jogado, esquecido, enfim.
Dirijo-me ao lar, após brincadeiras,
ao nadar no açude,esqueço o tempo,
depois vou embora ainda molhado,
secando o corpo no caminho trilhado.
Ao chegar a casa encontro meu pai
bem perto da porta, à minha espera,
já sabe do doce que lhe fora mandado
e cobra dos filhos, resultado esperado.
Meu pai exige retorno ao engenho,
para buscar o que lá fora deixado.
tristes promessas,se não for encontrado
o doce presente, que fora abandonado.
O medo me assalta com o prometido,
da ignorância e da nossa teimosia,
e infringem castigos em reprimenda,
por falta cometida contra a oferenda.
Os mais velhos retornam e recebem
o devido castigo que foi prometido,
o medo,porém, me deixa escondido,
nem os chamados me tiram do abrigo.
Eu ouço os chamados muito distantes
e fico escondido, tentando, assim, fugir
do castigo que temo e finjo não ouvir,
mas a noite que chega me faz vacilante.
Quando o sol já se esconde vem o temor
de monstros da noite, o do eterno pavor,
mas o medo da surra me faz chorar,
com medo da noite, começo a rezar.
Faço promessas, comuns às crianças,
e ser perdoado é a minha esperança,
assim meu castigo deve ser postergado,
mas o sol que se vai, me deixa assustado.
O caminho que restou foi retornar,
assumir um castigo e se lamentar
da falta imprudente e ignorância,
não aquilatada por uma criança.
E tudo acontece como o prometido,
mas o medo da noite obrigara assim.
Ao retornar pra casa, percebo enfim,
que tudo resultara do doce ALFENIM.
26/04/02- VEM