Experimento
Se já não há amor
Por que, agora, o fulgor
Das lembranças que trago
Como enfim as apago?
Não as tenho no coração
Mas insistentemente aqui estão
Pouco mais de dois anos
Hão de, então, causar danos?
Por que tanto sentimento
Que sequer sei decifrar?
Tudo tão vivo, mas eu acalento
O que insiste em ficar.
Percorro ruas, percorro a vista
A mente ordena: não insista!
A mão registra, e o verso se forma
Enquanto isso, interior se reforma
Tenho apreço, mas tenho pressa
Ouso o desejo do esquecimento
E tento, faço-me nova promessa:
Empirista que sou, experimento.