SERÁ QUE A GENTE JÁ ERA?
Sinto tanto nessas noites quentes
Um vazio de espírito,
Um frio na alma
E nuvens em minha mente.
Mesmo com tantos fantasmas,
Tantas vozes e bocas sorridentes.
São delírios, mas não os da erva
Não os psicodélicos, nem o lúdico
Ensopado de cachaça
Que arde a garganta
E afina o linguajar.
Quem dera pudesse matar
A saudade das conversas nos bares:
Meras filosofias despretensiosas,
Regadas com poesias acompanhadas
Por violões desafinados
E cantos roucos e tortos.
Ébrios, mas sinceros de todo coração
Mesmo que tudo isso seja apenas
Em troca de um cigarro de palha
"Navio de cruzar deserto".
Cara, será que a gente já era?!
16.09.20