BELAS CORES

Depois de lágrimas que já sangrei

E de tantos poços que a mim cavaram

Olhei os paços que aqui trilhei

E vi apenas pés descalços.

Voei a infância não esquecida...

E vi minhas asas ora cortadas.

Quebrei perfumes de aromas vários

Nenhum olfato se quer guardei.

As belas cores que outrora via

Se mesclaram em penúria.

A liberdade que vivia

Aprisionou-me em injúria.

Depois de poços que já cavei

E tantos pés que descalcei,

Olhei as trilhas tão esquecidas.

E apenas ví o que guardei.

Voei a esperança cortada

E vi minhas asas restauradas.

Quebrei aromas inodoros.

Nenhuma lágrima saturada.

As poucas cores que outrora via

Se mesclaram em leveza.

O cativo que vivia

Libertou-me da destreza.