Poeta, apreciador das pedras do caminho
No Império Etíope, fugir do próprio destino.
Andarilho, marchava… E a sorte o enlaçava…
Mais e mais vontade de matar a desdita dava!

Olhar manso, coração sedendo de palavras
Falar? Os olhos: celestes, indecifráveis lavras.
Batalhas mil no peito, angústia a destruir
Na enigmática dança do porvir e do devir.

Arthur Rimbaud, de ti, não conseguiste
Escapar. Teu talento: nem tu ruíste!
Vate, que foste tu, lavrador, guerreiro
Inconteste fato: do verbo, jamais prisioneiro.

Fotografia tua, o meu ser inebria…
Olhar para luz. Sim, o abstrato reluz!
Áurea concretude, aurora, similitude.
Fenômeno físico? Quiçá metafísico!

Em sã consciência, ousarão responsabilizar-te?
Se é que algo ou alguém, a esmo, deixaste!
Quem afirmará o que a vida reserva a cada um?
Poeta fugido em vão de si, ventura incomum.

Mais que poema, foste poesia que acena
Literatura, música e arte em viva cena.
Tentaste olvidar a sagrada ode da poesia
Mas o místico hino sempre foi teu guia.

Conseguiste, enfim, precocemente,
Bruma tanto mais que de repente,
Abrir-te ao curso do denso rio infinito…
Livrar-te do rebocador da vida: grito!

Inebria meu ser tua fotografia…
Sim, o abstrato reluz! Olhar para luz
Aurora, similitude. Áurea concretude.
Fenômeno físico? Por certo, metafísico!

 
Professora Ana Paula
Enviado por Professora Ana Paula em 11/09/2020
Código do texto: T7060282
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