MINHA PESSOA INGRATA

Em rua deserta me encontro.

Solidão. Silêncio. Sofrimento.

Tudo em mim é tão muito!

Tudo em mim é intenso!

Nenhum som me ensurdece.

Nenhuma luz me encandeia.

Vazio. Ausência. Falta.

A cor de uma vida cheia,

Que outrora corria em minhas veias,

Agora se sente exausta.

Falta de ar me sufoca.

Peito em chamas me queima.

Passado já não tem mais volta.

Presente a mim trapaceia,

E a sina de quem já fui tantas

Agora é viver-me alheia!

Que fazer de mim, que não sei

Quem fui e quem já não serei?

Se tudo que me alegrava,

Já não faz sorrir quem amei:

Essa minha pessoa ingrata

Que fui e que não mais serei!

Nara Minervino
Enviado por Nara Minervino em 10/09/2020
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