Dito... Dito

Dito... Dito, para de fazer arte

Operar o coração faz parte

Vamos seguir a dieta direito

O senhor está com com a cirurgia aberta no peito

Ah! Esse Dito não tem jeito!

Ah! Quem conseguia parar o Dito rodinha no pé?

Bastava ele sair para rua

E saía à procura a neta sua

Será que foi na casa do Idé?

Dito... Dito para de fazer arte,

Meu contador de histórias do Pedro Malasartes

Quando a boca abria

Era "senta que lá vem história"

Daquelas que se perde a noção da hora

Ali a gargalhar

Não havia como o Dito banguela para debochar

Trocava os nomes de toda a família

Dos netos às filhas

Kesy! Andreza! Sueli! Menino!

Aquela confusão parecia um hino

Não sabia a quem ele estava a chamar

Um ficava bravo, outro ria

Mas tudo o que se sabia

É que como o Vô Dito nunca iam achar

Seu bisnetinho nascia

E o Dito no leito de hospital

Não conheceu-o

Pois não deu tempo da gente viajar

À luz eu acabara de dar

E não sabia se me afligia

Ou festejava o menino que acabara de chegar

O Dito então se despedia

Ver a foto do Pedrinho foi seu pedido final

Olhou-o e abençoou-o

O Dito que tanto nos cuidou e fez-nos rir outrora

Parecia saber que chegava a sua hora

Foi embora: dia mal!

E na despedida não tinha como rir

O Dito arteiro, rodinha no pé e contador de histórias

Ali deitado, sem vida e emudecido agora

Choram amigos, filhos, netos e noras

Pela tristeza de vê-lo partir

Dito... Dito hoje eu que conto a história

Do Dito que fazia a gente perder a noção da hora

Lá no hospital: quem podia imaginar!

Tinha chegado a hora do Dito

Que Deus guarde o nosso vovô bendito

E aqueles que morrendo de saudade irão ficar

É, Dito, hoje eu que conto a história

Do Dito que deixou saudades e agora

Com Deus foi morar

Dito... Dito, quanta saudade!

Tem dia que ela invade

E faz o olho pingar

É que foi teu aniversário

Minha herança foi tua bíblia e o hinário

E a alegria de ter um lar

Da Pâmela foi o violão

Que nos enchia o coração

Quando o senhor começava a tocar

E essa saudade

Que sempre nos invade

Hoje veio me abraçar

Dito... Dito, meu amado avô José Benedito

Para sempre irei te amar

Ddsa Carvalho
Enviado por Ddsa Carvalho em 14/08/2020
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T7035537
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