SONHOS?
Do tempo antigo guardo tanta coisa
Guardo a lembrança dos sonhos
Guardo as agitações dos ventos
O balançar das janelas
As ondas lá embaixo chocando-se nos rochedos
A grande casa de pedra
Guardo muito mais
O sabor do primeiro beijo
O galope da égua castanha
Guardo até a colcha de retalhos
Guardo a grande paineira, seus galhos…
A cadeira preguiçosa
O lago, os patos, marrecos
Guardo vozes, cheiros e gostos
Guardo o morro
Alguém pedindo socorro
Ah! Quanta coisa eu guardo!
Nas gavetas, nos armários do meu ser...
Fizeram parte de meu viver
Então guardo
Não prejudicam meu presente
Aliás, são as relíquias guardadas
que tornam tão espetacular meu tempo de agora
Quantas vezes fecho os olhos e veja
a casa branca de janelas azuis!
E vejo os meninos
E vejo seus risos
E vejo além deste tempo
Vejo o outrora
A montanha, a moça lá no alto espiando a vida lá embaixo
Não é uma confusão de tempos
É uma concentração de vidas vividas
Vidas cheias de perguntas e respostas
Perfeitamente dispostas
nesta minha encarnação
Estendo a mão
Talvez tentando alcançar
A bolha de espuma que joguei no ar