SONHOS?

Do tempo antigo guardo tanta coisa

Guardo a lembrança dos sonhos

Guardo as agitações dos ventos

O balançar das janelas

As ondas lá embaixo chocando-se nos rochedos

A grande casa de pedra

Guardo muito mais

O sabor do primeiro beijo

O galope da égua castanha

Guardo até a colcha de retalhos

Guardo a grande paineira, seus galhos…

A cadeira preguiçosa

O lago, os patos, marrecos

Guardo vozes, cheiros e gostos

Guardo o morro

Alguém pedindo socorro

Ah! Quanta coisa eu guardo!

Nas gavetas, nos armários do meu ser...

Fizeram parte de meu viver

Então guardo

Não prejudicam meu presente

Aliás, são as relíquias guardadas

que tornam tão espetacular meu tempo de agora

Quantas vezes fecho os olhos e veja

a casa branca de janelas azuis!

E vejo os meninos

E vejo seus risos

E vejo além deste tempo

Vejo o outrora

A montanha, a moça lá no alto espiando a vida lá embaixo

Não é uma confusão de tempos

É uma concentração de vidas vividas

Vidas cheias de perguntas e respostas

Perfeitamente dispostas

nesta minha encarnação

Estendo a mão

Talvez tentando alcançar

A bolha de espuma que joguei no ar

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 03/08/2020
Código do texto: T7024981
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.