Meu reduto


Meu pequeno mundo diferente,
onde a chuva lembra noites frias,
sempre negativas pelos desencontros,
abusos contra quem se julga gente,
fiel, capaz de responder a vida
contra a própria existência.
Ah, mundo minúsculo, tão efêmero,
vago, transitório e mutável.
Por que, por que tudo aconteceu?
Enquanto também aconteço,
feneço pouco a pouco em destroços,
em estilhaços jogados em meu rosto.
Fica confuso contemplando, tentando
rebuscar causas, alguma razão,
onde ficou o erro.
Talvez naquele cruzamento de olhar,
quando o verde campineiro,
sossegado, menino, sorrateiro
debruçou sobre a janela dos meus;
indivisível questão de ver ou não ver.
Talvez neste ponto pairou o fenômeno.
Ficou no espaço o vírus do pecado,
onde começa a fuga, o erro.
E saber que o mundo é pequeno.
Cada esquina, um mistério,
um segredo que o tempo desvenda,
uma vida que a vida desmente.
Apenas uma verdade fica.
Fica, rola e esfrega no rosto
retirando o sabor do breu.
Ah, meu mundo pequeno,
de vida de calças curtas
que nunca, nunca se alongará
para que eu possa te ver cumprida,
realizada, como se fosse um engenho
de vida em um mundo grandioso.