Rinópolis e suas raízes

RINÓPOLIS - a cidade da minha infância; sem metrô, nada de relevância.

Na balaústra do portão, o padeiro deixava o pão; apertava a buzina estridente, fixada na carroça azul, com a mula amarrada na frente.

Às seis da tarde, via a noite chegando, ao som do sino tocando, meu pai na Belina chegando.

A área comercial, tinha o bêbado oficial. Dormia ao chão atirado, com repulsa social; às vezes falante, em outras deprimido, mas por todos conhecido.

Quando ligava o auto falante, e tocava a `Ave Maria`, de longe já pressentia: alguém havia partido. Era hora de silencio, pra saber do falecido.

Sorridente ou infeliz, aos domingos de forma sagrada, o povo cercava a matriz. Grande era a movimentação, o padre Miro finalizava o sermão, os bancos eram disputados, e os diálogos encetados.

O cardápio era bem limitado: sorvete, pipoca ou amendoim ensacado (cru ou torrado).

Dali um dia parti, para um rumo desconhecido; vinte anos mais tarde voltei, quando então me assustei, com o que tinha acontecido - era um filme repetido.

Tudo estava no mesmo lugar. O velho taxista, com seu Fusca foi me buscar.

Achava a vida meio parada, mas na verdade, era apenas descomplicada.

Era um tempo de buscar o barulho, o tumulto, agitação, progresso e competição.

Agora, sinceramente, confesso: hoje penso no regresso. Com o passar dos anos, se descobre que a vida, quando corrida, passa rápido e despercebida.

Adriano Peralta
Enviado por Adriano Peralta em 21/07/2020
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