CONTRADIÇÃO
Era só eu sempre em frente,
só eu sempre,
não querendo ser só,
seguindo sempre.
Eu e meu momento,
viajando nos espaços com sabor amargo
travado na garganta,
como a planta que não floresce,
como se a água não fosse suficiente pra desabrochar seu sorriso
e o regozijo não existisse com o sabor da água,
como se o encanto da água fosse um pranto triste e necessário.
Era eu solitário,
ouvindo aquela canção que cala a alma,
com o sangue correndo nas veias,
iluminando as células com o seu pulsar de vida,
sentindo a brisa me abraçando,
entrando pelos poros,
nadando nas asas da imaginação sobre o rio caudaloso do meu deserto,
tudo e nada sem você por perto.
Era eu ao cair da noite, na vertigem do dia,
pensando em alguém que não existia,
tentando entender o porquê,
naquela noite feliz e vazia sem você,
miragem, ilusão,
apenas uma luz passageira que alegrou meu coração.