Marca do tempo

Não era azulejo em sua parede,
nem alimento na ceia
ou pescado em sua rede.
Fui eu absoluto,
era você anfitriã.
A questão podia ser vã,
a época talvez o fora.
O início foi belo,
o meio, um rascunho limpo
sem cópias, sem fórmulas.
O fim quase foi enredo de drama,
novela cheia de trama;
só que foi o fim.
Me descolei da parede,
fui engolido pela noite,
alimento do amanhecer
enquanto a rede furada me colocava fora,
fora dos circuitos fechados,
das tramas a dois
nas redomas decoradas,
para viver um só amor.
Hoje, sem um porquê de ser hoje,
poderia ter sido ontem
e estaríamos frente a mesma tela,
com cores jogadas, sem linhas,
sem determinações,
desbotadas, quem sabe, pelas emoções,
nas fatídicas horas, intermináveis,
inconsequentes, de espera,
expectativa pelo segundo minuto
para suceder alguma coisa
que não fosse apenas queda de folhas,
mas sim a resposta Divina
e tanto pedido pela paz,
paz na pauta do dia sem happy end.