MINHA ALMA SERTANEJA
MINHA ALMA SERTANEJA - João Nunes Ventura-07/2020
Menino fui me criei em meu sertão
Pedalava bicicleta em chão batido,
Festas do padroeiro santo querido
Celebrava a aurora em meu rincão,
Meu olhar espalhado na plantação
Eu sentia orgulho da minha cidade,
Olhar de minha mãe que felicidade
A linda infância dança nos quintais,
Despertava com cantos dos sabiás
As mocinhas belas quanta saudade.
Nos dias de feira e vendia rapadura
Cocadas de coco minha mãe fazia,
Ela me olhava na face tanta alegria
A bolacha doce era uma gostosura,
Eu era feliz minha alma linda e pura
Meu pai o comércio sua esperança,
Tocava clarinete a doce lembrança
Jogava meu pião a minha diversão,
Até dançava em noite de São João
Mãe passava café eu ainda criança.
No jumento ia apanhar água no rio
Para tomar banho e mãe cozinhar,
Na fonte em outro dia eu ia buscar
Água boa pra beber o meu desafio,
E não importava no calor ou no frio
Meu trabalho concluído logo seria,
Chegava em casa e já era meio-dia
E depois do almoço eu ia para feira,
Voltava pra casa a ilusão da poeira
Quase noitinha o sol já se escondia.
E no começo do ano mês de janeiro
No sertão bom tempo de invernada,
Sertanejo rezava e logo eu brincava
Com outras crianças e via nevoeiro,
E os sapos faziam festas no terreiro
Cigarra teimosa estridente cantava,
Meu irmão criança na rede chorava
O som do trovão sonoro já se ouvia,
Relâmpago riscava no céu luz se via
E divina água o meu sertão banhava.
Todo sábado de manhã o pai viajava
Ia fazer a feira em uma outra cidade,
Comprar que faltava de necessidade
Eu e minha irmã na farmácia ficava.
Não demorava logo que ele chegava
Em sua mão vinha comida na sacola,
Logo o pedinte lhe pedia uma esmola
Tinha doze anos e treze a minha irmã,
Com a meia usada na mesma manhã
Saí para brincar da meia fiz uma bola.
Meu sertão lindo amor do passarinho
E a casinha limpinha que eu morava,
Meu trenzinho de lata e eu brincava
O sabiá cantando volta ao seu ninho,
Eu criei sonho de amor pelo caminho
Em noite de lua e cantava a melodia.
Atrás das borboletas e sempre corria
Minha alma sertaneja amor mergulha.
Na manhã de um novo dia se orgulha
É gerada no Ventre Imortal da Poesia.
As rimas do meu repente são baseadas em minha própria vida, na pequena cidade do meu sertão, em meus tempos de infância. Na foto de perfil, João Ventura e sua irmã Maria do Carmo em criança. Nasci na cidade de Itapetim, sertão de pernambuco, a cidade recebeu há muito tempo o título de Ventre Imortal da Poesia, por ser a terra dos cantadores e a maioria de sua população sabe criar sua bonitas poesias.