A OLHAR O ANTIGAMENTE
ainda estou eu
a olhar o antigamente,
diante de mim o futuro
e no escuro da vida
as lembranças se amontoam,
velhas estradas, caminhos e rios,
vejo vazios, também, dos que se foram.
vejo meninos
nadando água abaixo,
seguindo correntezas,
certezas de infância vivida, sentida,
sofrida, mas bem vivida,
hoje,
a casa virou cadeia,
menino preso a brincar,
virou robô, sonhou avatar,
mas nunca sai do lugar,
menino preso,
inocente ainda,
mas prisioneiro do progresso,
teclando na tela joguinhos de matar.
vai pra rua, menino,
deixa o tempo passar,
entre folguedos e jogo de bola,
vem viver a liberdade
que o passado quer ensinar.
e ainda estou eu
a olhar o antigamente,
tenho mais passado que futuro,
mais frutos que sementes,
por isso, menino,
não me canso de olhar o antigamente!